Histórias de professor (1)

Sou professor desde 1998. De lá pra cá já cheguei a pensar em abandonar, já tive altos e baixos, já fui criticado e já fui elogiado.
Esse ano eu trabalho com um quarto ano, antiga terceira série – que antes era primário. Nesse tempo todo, observei o ambiente de trabalho, os colegas de profissão, estudei, analisei as mudanças pelas quais passamos, enfim, tentei entender as questões pertinentes à educação.
Sei que ganhamos pouco, não somos valorizados, somos criticados, mas já sabia de tudo isso quando entrei na área. Por isso não aceito alguns questionamentos. Não podemos nos negar a fazermos o melhor por força das adversidades. Pelo contrário, temos que buscar ser o melhor. Os questionamentos deixemos de fazer na sala dos professores ou nas reuniões pedagógicas e passemos a exercer nosso direito de maneira mais consistente, exigindo a solução de quem tem uma e possa nos fornecer.
Mas a função deve ser exercida. Sei que muitos desistiram. Insistiram por um tempo, mas foram derrotados pelo “sistema”. Sei também que muitos não sabem sequer por onde começar, devido à má formação, muito teórica, perfeita no papel, mas sem interagir com a prática.  Aliás, é a prática que nos proporciona sabedoria e força para nos manter. E a valorização virá com o tempo. Quando justamente esse aluno que hoje lhe dá problema, agradecer por você ajudá-lo a ser cidadão, e digno. Ou na pior das hipóteses, quando seu filho ou neto lhe agradecer por ajudar a tornar o mundo melhor para ele viver. Esse valor prático muitos esquecem.
Auxiliamos a formar a sociedade em que vivemos. E um dia os frutos virão. Por que a sociedade está se perdendo, eu não vou lecionar com dignidade?
Temos que fazer a nossa parte. Se a família não educa, deixaremos de fazê-lo? Ora, se o vizinho não varre a sua porta, deixarei de varrer a minha? Ao final do dia a rua estará suja, e ao final do mês, a cidade estará inabitável…
Ao meu colega de profissão: não se canse, não desista! Faça a sua parte! Acredite, eu já sofri na educação. E sofro ainda, em relação a preconceitos da sociedade, que só aceita mulheres dando aula. Nem por isso desisti. Critiquemos sim, vamos exigir da parte competente, contudo, sem esquecer do trabalho. Aliás, trabalho não, missão. Repito, se não por você, que seja pelo seu filho.

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Reflexão

"Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um com um pão, e, ao se encontrarem, trocarem os pães, cada um vai embora com um.
Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um com uma ideia, e, ao se encontrarem, trocarem as ideias, cada um vai embora com duas." - Provérbio Chinês

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